*Eugênio Alegretti Neto
Vindo ontem [sexta-feira, 16] de Belém, de carro, me chamou muita atenção na estrada, o grande número de carretas 9 eixos, puxando soja do Mato Grosso. No trevo da Alça Viária, onde se entra para Barcarena, não havia espaço para tantos caminhões, da mesma forma nos postos de combustíveis de Moju.
Para quem não esteve atento, o Governo Federal tomou uma decisão, alguns anos atrás, de que os grãos produzidos acima do paralelo 16, que divide o país em dois, passando na altura de Brasília, devem ser escoados pelos portos do chamado Arco Norte, para entender o que isso significa para nós, vamos analisar melhor o tema:
1) Acima do paralelo 16, o Brasil produz em torno de 55% da produção nacional de grãos, é muuuuuuita coisa!
2) Escoar pelos portos do Arco Norte significa:
A) Um custo em média 30% menor, para o produtor tirar seu grão da propriedade e colocar no porto, em comparação com os portos do Sul e Sudeste.
B) De 3 a 8 dias a menos de navegação marítima, em comparação com os portos do Sul e Sudeste, dependendo do destino.
3) Temos 3 eixos de escoamento de grãos para os portos do Arco Norte:
A) Oeste: BR-163 Pela (Santarém – Cuiabá), por onde os grãos são levados até os portos de Miritituba ou Santarém.
B) Leste: Ferrovia Norte Sul, desde Anápolis já se embarcam grãos na ferrovia, que são levados até o terminal de grãos em São Luís, o TEGRAN.
C) Coluna do Meio: BR-158, que se transforma na BR-155 em Redenção, passando por Marabá, tendo como destino final o porto de Barcarena.
É na coluna do Meio que Marabá irá ser um grande entreposto comercial de grãos e quem sabe, sediar esmagadoras de soja, fábricas de alimentos e rações.
A derrocagem do Pedral do Lourenço irá possibilitar o escoamento dos grãos produzidos no Sul do Pará e ao longo da BR-158, no Mato Grosso, por Marabá, via hidrovia, até o Porto de Barcarena.
A região beira rio, entre Marabá e o município de Itupiranga, será palco de uma disputa pelo melhor espaço, entre os grandes players mundiais do agronegócio, a exemplo do que está ocorrendo em Miritituba, no Oeste do Pará.
Segundo alguns especialistas em logística, que estão investindo em portos no Arco Norte, em torno de 1.000 km de distância, de Marabá, sentido BR-158, que daria na cidade de Querência, não existe concorrência, o melhor custo benefício seria escoar a produção de grãos até Marabá, via rodoviária e a partir daqui por barcaças, até Barcarena.
Nos meus 42 anos de Pará, ano passado foi a primeira vez que assisti o Exército brasileiro levar cestas básicas e desatolar os caminhoneiros na Santarém Cuiabá, tudo isso porque, a situação de nossas rodovias, que era um problema paraense, tornou-se uma questão nacional, que impacta no setor que mais gera divisas no país, afetando diretamente nossa balança comercial, passando a ser um problema da Nação.
Fica aqui nosso recado, lembro que não estou me referindo a promessas, mas algo que já está ocorrendo, com c exponencial e inexorável, para as próximas safras.
(*) Eugênio Alegretti Neto é primeiro-vice-presidente da ACIM – Associação Comercial e Industrial de Marabá – e Executivo da Sulpará Tratores.