ACIM 50 anos – Do Baú da Associação: Delano tirou a ACIM da gaveta!

É isso mesmo. Até 1989, a Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM) era apenas uma pasta de documentos, guardada na segunda gaveta da mesa do escritório do seu fundador, o comerciante Lourival Macias. A gaveta de cima guardava os documentos do dia a dia do comércio dele.

E quem conta essa história é o conselheiro e ex-presidente da ACIM Delano Remor, que junto com o irmão Dauro, chegou a Marabá, em 1983, ambos vindos do outro extremo do Brasil, de Santa Catarina. Jovens empreendedores, acreditaram no futuro promissor da cidade e construíram o Hotel Itacaiunas, passando também pelos ramos de transportadora e locação de veículos.

Na época, outros investidores foram atraídos para Marabá, como, por exemplo, Fabiano Sousa, da Tocantins Veículos, detentor das concessões Ford e Chevrolet, entre tantos, que se juntaram aos madeireiros, cuja associação (Assimar) era muito forte, reunindo nomes como Tio João (João Batista Correia de Andrade Filho), Reinaldo Zucatelli, os irmãos Alceu e Clewiz Alegretti, e outros.

Rejeitados

“Então, eu, o Fabiano e esse pessoal mais novo tentamos nos associar e não fomos aceitos. Por quê? Porque a ACIM era uma entidade fechada, formada só por comerciantes da cidade, eles não queriam outros. Chegaram a alegar, inclusive, que as nossas firmas eram fantasmas. Isso aí deixou a gente meio constrangido”, conta Delano, que começou a fazer um movimento entre os empresários, culminando com uma passeata na Velha Marabá.

“Juntamos aí umas 100 pessoas e partimos ali pela Antônio Maia. O escritório da ACIM era dentro do escritório do seu Lourival Macias, que tinha uma loja de comércio. Ele tinha uma mesa e essa mesa tinha duas gavetas. Uma gaveta era da empresa dele. E a outra gaveta era da Associação Comercial. Quer dizer: a Associação Comercial era a gaveta de uma mesa”, lembra o ex-presidente da ACIM.

E a manifestação deu certo. Eles conseguiram chamar atenção e argumentaram que a ACIM não era uma entidade de poucos, era uma entidade de todos os empresários e industriais e comerciantes da cidade. E a cidade estava começando a crescer e eles queriam ser aceitos.

“Pretendentes”

Depois disso, com o apoio de uma ala mais jovem da associação, eles foram admitidos, em princípio não como associados, mas como a classificação – lembra Delano – de “pretendentes”. A gestão começou a mudar de mãos, até que o empresário Jorge Gabi aceitou a presidência, como forma de contemporizar a situação.

Mas o mandato de Gabi, conforme narra Delano Remor, não durou muito. Em reunião convocada por ele, os discursos foram acalorados, os ânimos exaltados e Jorge Gabi, depois dessa reunião, disse que não mais queria o comando da associação.

“E foi devido a isso que eu assumi, em 1989. Aí, o que que a gente queria na época, era que houvesse a alternância de presidentes. E com isso a gente iria formando novas lideranças na cidade. E foi isso que nós começamos a fazer. Eu devo ter ficado um ano e meio, logo depois eu saí e entrou o Fabiano da Tocantins”, conta Delano.

Ele afirma que, no curto tempo que passou na Associação, foi que a entidade começou, de fato, a tomar corpo, com o aluguel do térreo deu um prédio na Avenida Antônio Maia, em frente ao antigo escritório da Varig [já extinta]. “Na parte de baixo fizemos umas divisões ali. E esse meu tempo [na presidência] foi curto, mas foi de muita atividade”.

Sebrae em Marabá

Remor lembra, com orgulho, que foi na gestão dele a instalação do Sebrae, em Marabá. Ele foi até Belém, conversou com o então governador Jader Barbalho e conseguiu que o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas estivesse presente na cidade.

“E aí o que que foi decidido? Falei com Nagib [Mutran Neto, então prefeito de Marabá] e ele disse ‘olha, vocês pagam o aluguel da sala do Sebrae e eu compro os móveis para o escritório’. E foi assim que começou”, afirma Delano, considerando que foi ali que a ACIM começou a abrir, porque era uma entidade muito fechada.

“Não é que que não servisse. Em verdade, eles [os fundadores] fizeram uma coisa boa, que foi criar a associação para Marabá, só que não funcionava do jeito que nós, os jovens da época, queríamos, como talvez, os jovens de hoje também achem que pode ser diferente”, explica, acrescentando que, quando se é jovem, sempre se acredita que os velhos já são “muito velhos”.

Delano lembra que sempre manteve o foco na alternância na presidência, para que nenhum presidente passasse muito tempo no cargo, que desse vez a outros com novas ideais, que trouxessem sempre avanços.

A primeira feira

“Depois de mim e do Fabiano vieram o Hélio Janotti, que era diretor da Cosipar, e foi alternando. E, com isso, também logo depois veio o Gilberto Leite, cujo vice era o Brás Montezano. E e foi isso aí que foi acontecendo. Depois, houve outras pessoas que também entraram e culminou com a compra da nossa sede”, destaca o ex-presidente.

Sobre Gilberto Leite, Delano lembra que foi com ele que a ACIM resolveu fazer a primeira feira de negócios de Marabá. “Eu fiquei encarregado de gerenciar o negócio, sabe? E nós fizemos lá no pátio do Sesi. E aí o Sebrae entrou forte no nosso lado, trouxe todo o equipamento para montar os estandes. Foi a primeira feira, foi muito boa! Ali nós tivemos muito movimento”, encerra ele, lembrando que a alternância do poder sempre foi e sempre será fundamental para os destinos da ACIM.

(Eleutério Gomes/ Ascom ACIM)

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